Lançado há um mês, o novo Chevrolet Onix Plus começa a chegar às concessionárias com a missão de encarar os sedãs compactos-médios Toyota Yaris e Volkswagen Virtus, maiores e mais modernos que o antigo Prisma. O novato aposta na inédita motorização 1.0 turbo de três cilindros da GM e na interessante lista de equipamentos com seis airbags de série e até itens encontrados apenas em carros de categorias superiores.
De olho no segmento atualmente dominado pelo Volkswagen Virtus, a GM desenvolveu o Onix Plus a partir de uma plataforma que permitiu construir um sedã significativamente maior que o Prisma em praticamente todas as dimensões – sem falar na nota máxima nos testes de impacto do Latin NCAP. São 8 centímetros a mais de comprimento (4,47 metros) e distância entre-eixos (2,60 m). Entretanto, o porta-malas de 469 litros leva menos bagagem que o compartimento de 500 litros do veterano e o tanque de combustível, inexplicavelmente, perdeu 10 litros.
O resultado é uma cabine consideravelmente mais espaçosa, que acomoda melhor quatro adultos na faixa de 1,80 m de altura (um terceiro passageiro dessa estatura viajaria com a cabeça muito próxima do teto por conta do calombo no centro do banco traseiro). Comparando com o Virtus, o Onix Plus leva uma pequena desvantagem na distância das pernas em relação ao encosto dos bancos dianteiros, em função do entre-eixos 5 centímetros mais curto que o do concorrente, sem contar a ausência da saída de ar-condicionado para quem vai atrás. Em contrapartida, o Chevrolet compensa com duas saídas USB traseiras contra apenas uma do Volks.
A nova plataforma também favoreceu o posto de comando. Se no Prisma o motorista se senta praticamente “nas alturas”, no Onix Plus ele encontra a posição ideal graças à boa amplitude dos ajustes de altura e profundidade do volante. Os novos bancos dianteiros são mais confortáveis e suportam melhor as pernas, porém, os apoios de cabeça integrados aos encostos podem interferir na acomodação de pessoas com mais de 1,85 m.
Mas a evolução mais notável no primeiro contato com o sedã é o desempenho do motor tricilíndrico Ecotec 1.0 turbo. Diferentemente do 1.0 TSI da Volkswagen, o propulsor da GM não possui injeção direta – a fabricante alega menor custo de manutenção caso o carro tenha problemas com combustível adulterado. Se no papel os 116 cv de potência e 16,8 kgfm de torque do motor do Onix Plus entrega números inferiores aos 116/128 cv e 20,4 kgfm (gasolina/etanol) do rival, na prática e na pista de testes a história é diferente.
O Onix Plus aposta no baixo peso (1.117 kg na versão testada) para aproveitar o torque máximo a 2.000 rpm e entregar respostas mais espertas, mesmo sem exigir muita pressão no acelerador. Basta encostar o pé no pedal do lado direito para deixar quase todo mundo para trás nas saídas de farol, por exemplo. Retomadas são feitas com desenvoltura, mas poderiam ser melhores se a programação do câmbio automático de seis marchas, voltada para a economia de combustível, fosse mais ágil nas reduções.
Motor 1.0 turbo rende 116 cv e até 16,8 kgfm mesmo sem injeção direta
Nos testes de pista aferidos pelos engenheiros do Instituto Mauá de Tecnologia, o Onix Plus abastecido com etanol precisou de 10,32 segundos para atingir os 100 km/h. Usando gasolina, o sedã cumpriu a prova em 10,64 segundos. As retomadas de 80 a 120 km/h foram feitas em 7,29 segundos e 7,43 segundos, com etanol e gasolina, respectivamente (veja abaixo o teste completo). A velocidade máxima informada pela GM é de 185 km/h.
Para efeito de comparação, o Volkswagen Virtus Highline 200TSI – cerca de 75 kg mais pesado que o Onix Plus Premier – precisou de 10,40 segundos / 11,17 segundos para alcançar os 100 km/h. Para ir de 80 a 120 km/h, o sedã da Volkswagen levou 7,39 segundos / 7,87 segundos (etanol/gasolina).
Indo mais longe e comparando com um carro de categoria superior, o Onix Plus andou praticamente junto do Honda Civic EXL 2.0 de 155 cv que testamos em 2017. Na ocasião, o sedã médio japonês fez o 0 a 100 km/h em 10,60 segundos / 11,10 segundos e retomou de 80 a 120 km/h em 7,11 segundos / 7,62 segundos (etanol/gasolina).
O consumo de combustível também é outro quesito que a ausência da injeção direta também não interferiu negativamente nos testes. O Onix Plus atingiu marcas dignas de carros populares. Abastecido com gasolina, o sedã fez 12,8 km/l na cidade e excelentes 20,5 km/l na estrada. Bebendo apenas etanol, a média caiu para razoáveis 6,9 km/l em percurso urbano e 13,9 km/l em ciclo rodoviário.
O Virtus fez 9,8 km/l / 12,7 km/l rodando na cidade e 12,7 km/l / 17,9 km/l na estrada (etanol/gasolina).
Dinamicamente, o Onix Plus é um carro superior ao Prisma no comportamento em curvas e nas respostas da direção. O acerto de suspensão mais “sequinho” garante boa estabilidade em velocidades de estrada, porém, não filtra tão bem os impactos dos buracos quanto o conjunto do Virtus. O sedã da Chevrolet é um carro bem equilibrado, mas passa a sensação de os freios não acompanharem o desempenho do motor. Mesmo assim, equipado com discos apenas nas rodas dianteiras, o Onix Plus foi melhor que o Virtus no teste de frenagem a 100 km/h, parando totalmente em 49,6 metros ante os 50,4 metros do rival dotado de freios a disco nas quatro rodas.
Na versão testada, a topo de linha Premier (R$ 73.190), o Onix Plus sai da fábrica equipado com os já citados seis airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina); controles de estabilidade e tração; assistente de partida em rampa; Isofix e Top Tether para a fixação de cadeirinhas infantis no banco traseiro; monitoramento de pressão dos pneus; sensores de estacionamento dianteiros e traseiros; encostos de cabeça e cintos de segurança de três pontos para todos os ocupantes – embora somente o do motorista tenha regulagem de altura.
A central multimídia MyLink de 7 polegadas já traz a nova interface lançada no Cruze 2020, mais rápida e intuitiva que o sistema dos antigos Onix e Prisma. O equipamento, compatível com as conexões Android Auto e Apple CarPlay, possui câmera de ré e internet 4G sem fio que suporta até sete dispositivos dos passageiros. O chip da operadora Claro tem plano gratuito durante três meses. Após esse período será cobrada a mensalidade de R$ 30.
Acabamento interno bicolor faz parte do pacote de opcionais que agrega ar digital, entre outros itens
Outras novidades herdadas do Cruze são o carregador de celular por indução localizado no console central, a chave presencial com partida do motor por botão no painel e os faróis com acendimento automático e regulagem de altura.
O Onix Plus Premier ainda conta com luzes diurnas e lanternas traseiras de LED, rodas de 16”, acabamento externo com frisos cromados e revestimento de couro no volante e bancos. O carro das fotos, pintado na cor metálica azul Seeker (R$ 1.590), possui o pacote opcional de R$ 3 mil, que adiciona ar-condicionado automático digital, sistema de estacionamento automático em vagas paralelas ou perpendiculares, sensor de ponto cego e acabamento interno bicolor (combina a cor preta com as tonalidades caramelo ou cinza). Com tudo o que tem direito, o Onix Plus Premier fecha a conta em R$ 77.780.
Ainda assim são R$ 6.510 a menos que os R$ 84.290 pedidos pelo Virtus Highline “básico”. O Volkswagen, equipado com apenas quatro airbags, chega a custar R$ 93.255 com o acréscimo de pintura metálica e opcionais (rodas aro 17”, painel digital Active Info Display, central Discover Media de 8” e sistema de som Beats). Diferença que sobe para R$ 15.475 considerando os dois modelos completos.
Como o rival, o Onix Plus tem três anos de garantia, com revisões anuais ou a cada 10 mil quilômetros. A GM cobra 1.308 pelas três primeiras manutenções do sedã, enquanto o dono do Virtus só desembolsará alguma quantia a partir da quarta revisão (R$ 847).
Bem equipado e com preços competitivos, o Chevrolet coloca a linha Onix em outro patamar com uma evolução significativa em todos os quesitos. Com esses atributos fica muito difícil justificar a diferença cobrada pelo concorrente, embora ele ofereça alguns itens exclusivos.
TESTE CARSALE-MAUÁ | |
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0 a 60 km/h | 4,56 segundos (etanol) 4,71 segundos (gasolina) |
0 a 100 km/h | 10,32 segundos (etanol) 10,64 segundos (gasolina) |
0 a 120 km/h | 14,56 segundos (etanol) 15,14 segundos (gasolina) |
Aceleração em 5 segundos | 50,14 metros/64,31 km/h (etanol) 47,76 metros/62,70 km/h (gasolina) |
Aceleração em 400 metros | 17,38 segundos/131,50 km/h (etanol) 17,62 segundos/129,34 km/h (gasolina) |
Aceleração em 1000 metros | 31,83 segundos/166,66 km/h (etanol) 32,26 segundos/164,07 km/h (gasolina) |
Retomada 40 a 100 km/h | 7,75 segundos (etanol) 7,83 segundos (gasolina) |
Retomada 80 a 120 km/h | 7,29 segundos (etanol) 7,43 segundos (gasolina) |
Frenagem 100 a 0 km/h | 49,6 metros |
Consumo cidade | 6,9 km/l (etanol) 12,8 km/l (gasolina) |
Consumo estrada | 13,9 km/l (etanol) 20,5 km/l (gasolina) |
FICHA TÉCNICA | |
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Carroceria | Monobloco em aço, quatro portas, cinco lugares |
Motor | Dianteiro, transversal, injeção indireta multiponto, duplo comando de válvulas variável na admissão e escape acionado por correia dentada, a gasolina e/ou etanol |
Número de cilindros | 3 |
Número de válvulas | 12 (quatro por cilindro) |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Cilindrada | 999 cm³ |
Potência | 116 cv a 5.500 rpm |
Torque | 16,3/16,8 kgfm a 2.000 rpm (gasolina/etanol) |
Transmissão | Automática de seis marchas |
Tração | Dianteira |
Direção | Elétrica |
Suspensão dianteira | Independente McPherson |
Suspensão traseira | Eixo de torção |
Pneus e rodas | 195/55 R16, liga leve 16" |
Freios dianteiros | Discos ventilados com ABS e EBD |
Freios traseiros | Tambores com ABS e EBD |
Tanque de combustível | 44 litros |
Volume do porta-malas | 469 litros |
Altura | 1,47 m |
Comprimento | 4,47 m |
Largura | 1,73 m (sem espelhos) |
Entre-eixos | 2,60 m |
Peso em ordem de marcha | 1.117 kg |
Carga útil | 375 kg |
Altura livre do solo | 120 mm |
Diâmetro de giro | 10,4 m |
Fotos: Guilherme Silva e Divulgação