A Peugeot apresentou em maio a primeira atualização do 2008 no Brasil. Além do visual retocado com inspiração no irmão maior 3008, o SUV compacto passa a oferecer, com anos de atraso, o elogiado motor THP 1.6 turbo de 173 cv com transmissão automática de seis marchas na versão Griffe.
Já que o 2008 turbinado só chegará às lojas em outubro (por R$ 99.990) devido ao atraso na homologação do conjunto mecânico, a configuração topo de linha disponível no momento é a Griffe com motor 1.6 aspirado e câmbio automático, que sai por R$ 89.990.
Essa demora para adaptar a plataforma do 2008 à caixa automática de seis velocidades fez com que o SUV perdesse o apelo de vendas perante aos rivais de marcas mais consolidadas em nosso mercado nos últimos anos — sem contar que estreou por aqui dois anos após o lançamento na Europa e enfrentando logo de cara duas novidades que ainda brigam pelas primeiras posições do segmento: Honda HR-V e Jeep Renegade.
Na época do lançamento do 2008 no Brasil, em 2015, a motorização mais interessante (a 1.6 THP) só era vendida com câmbio manual de seis marchas — em uma faixa de preços que a maioria dos compradores optam pela transmissão automática. Já as versões 1.6 aspiradas usavam transmissão manual de cinco velocidades ou uma defasada caixa automática de quatro marchas.
No ano seguinte, o 2008 passou por mudanças na Europa, destoando do modelo brasileiro. A mudança mais significativa da versão nacional só chegou em 2017, com a oferta do câmbio automático de seis marchas (um ano após o Carsale flagrar, em primeira mão, um protótipo em testes).
Agora, quatro anos depois do lançamento no Brasil, o 2008 passa pela primeira reestilização local, enquanto na Europa o SUV acaba de ganhar uma nova geração com direito a versão elétrica, como você vê nas fotos abaixo:

Peugeot 2008 de nova geração, já à venda na Europa
Esses deslizes estratégicos da Peugeot causam problemas de imagem da marca perante o consumidor e, consequentemente, influencia a desvalorização do produto. Em 2018, segundo a consultoria KBB Brasil, o 2008 chegou a perder 25,83% do valor de mercado após um ano de uso. Cinco versões do SUV aparecem entre os modelos que mais desvalorizaram na faixa de preços de R$ 70 mil a R$ 90 mil. Por outro lado, o SUV médio 3008 perdeu apenas 4,54% do seu valor, mostrando que a Peugeot demorou demais para consertar os vacilos cometidos com o 2008.
Isso significa que você deve desconsiderar o 2008 na hora de comprar um SUV? Não! E vamos explicar os motivos pelos quais ainda vale comprar esse Peugeot.
VALOR — O primeiro deles é a relação custo-benefício. O 2008 Griffe 1.6 automático parte de R$ 89.990 com um robusto pacote de equipamentos de série. A configuração topo de linha traz central multimídia com tela de 7 polegadas, câmera de ré e espelhamento de smartphones por meio dos sistemas Android Auto e Apple CarPlay. A lista ainda inclui seis airbags, sensores de estacionamento traseiros, teto panorâmico, ar-condicionado digital de duas zonas, sensor de chuva, faróis com acendimento automático e luzes diurnas de LED, controle de cruzeiro, entre outros.
Para ter um pacote semelhante no Honda HR-V, por exemplo, é necessário optar pela versão EXL 1.8 CVT (R$ 111.900), que acrescenta controles de estabilidade e tração e sensores de estacionamento dianteiro. Mas o ar-condicionado do Honda possui apenas uma zona de resfriamento, enquanto o teto solar é item exclusivo da caríssima versão Touring 1.5 turbo de R$ 140 mil. Nesse caso, o Peugeot entrega praticamente o mesmo conteúdo por R$ 21 mil a menos.
Comparando com o Volkswagen T-Cross Comfortline 1.0 TSI, que custa R$ 110.690 com todos os opcionais, incluindo o assistente de partida em rampa, porém, sem o sensor de chuva, o acendimento automático dos faróis e o ar-condicionado de duas zonas. O cenário se repete com o Jeep Renegade Limited 1.8 Flex de R$ 109.990.
A situação mais próxima é do Hyundai Creta, que tem configuração parecida por R$ 99.990 na Launch Edition 1.6 automática. No entanto, o SUV da marca sul-coreana só se equipara ao Peugeot em equipamentos na versão Prestige 2.0 automática de R$ 107.990.
O único modelo com pacote similar é o Citroën C4 Cactus Shine 1.6 THP automático por R$ 99.990. No entanto, o “primo” do 2008 não entrega teto solar panorâmico e os espaços da cabine e porta-malas são inferiores.
É necessário considerar também o desempenho. O Peugeot 2008 aspirado é apenas suficiente para a cidade, se tornando fraco em situações de ultrapassagem na estrada quando carregado. O motor 1.6 16V de 118 cv de potência tem rendimento similar ao do Hyundai Creta 1.6 e Jeep Renegade 1.8 – consideravelmente inferior ao desempenho do Honda HR-V e Volkswagen T-Cross.
Mas o francês se destaca mesmo é pelo conforto entregue pelo conjunto de suspensão, que filtra muito bem os buracos na cidade, sem comprometer a estabilidade em curvas de velocidade mais alta.
A ergonomia é um ponto que merece elogios, sendo destaque em relação aos principais rivais. Ficar bem acomodado leva pouco tempo e o motorista pode ajustar a altura de banco e volante. O quadro de instrumentos elevado facilita a leitura e contribui para o motorista não tirar os olhos da estrada. Porém, dependendo de como o volante está regulado, pode atrapalhar parcialmente a leitura.
SEGURO — Nas cotações feitas pela Carsale Corretora (11 4901-4938 e 11 3019-2900) com as seguradoras Aliro, HDI, Liberty e Porto Seguro, o preço médio das apólices ficou em R$ 2.666,69 e valor médio de franquia de R$ 5.516.
A simulação considera o perfil de um homem de 50 anos, casado, sem filhos, morador de Santo André (SP) na Grande São Paulo, com garagem fechada na residência, não utilizará o carro como ferramenta de trabalho e sem histórico de furto ou roubo de veículos nos últimos dois anos.
As apólices de seguro cobrem o veículo em 100% do valor da Tabela Fipe, com indenizações de R$ 100 mil a danos materiais, R$ 100 mil a danos corporais, assistência 24 horas, além de carro reserva com ar-condicionado por sete dias. As propostas não cobrem danos provocados por motoristas com idade entre 18 e 25 anos.
MANUTENÇÃO — A Peugeot permite ao cliente optar pela revisão convencional, que substitui os itens de desgaste natural (filtros, fluidos e óleo do motor) prescritos no plano de manutenções anuais ou a cada 10 mil quilômetros rodados. Há também a revisão “recomendada”, que inclui a troca de palhetas dos limpadores do para-brisa e alinhamento da suspensão do veículo.
Obviamente, há uma considerável diferença de preço. Caso opte pela básica, o proprietário pagará R$ 3.802 ao fim dos 60 mil km ou seis anos, já no caso da recomendada o valor salta para R$ 7.019, praticamente o dobro. Confira o valor de cada revisão na tabela abaixo:
Básica | Recomendada |
|
---|---|---|
10.000 km (1 ano) | R$ 435 | R$ 971 |
20.000 km (2 anos) | R$ 750 | R$ 1.286 |
30.000 km (3 anos) | R$ 435 | R$ 971 |
40.000 km (4 anos) | R$ 997 | R$ 1534 |
50.000 km (5 anos) | R$ 435 | R$ 971 |
60.000 km (6 anos) | R$ 750 | R$ 1286 |
Total | R$ 3.802 | R$ 7.019 |
CONCLUSÃO — O 2008 é um carro muito bom de dirigir, característica pouco comum entre os SUVs. Se você pretende comprar um carro pensando no gosto pessoal, e não na revenda, o 2008 é uma opção bastante interessante considerando o que ele entrega em comparação a rivais mais caros.
Teste Carsale-Mauá | |
---|---|
0 a 60 km/h | 6,03 segundos (g) 5,72 segundos (e) |
0 a 100 km/h | 13,75 segundos (g) 13,02 segundos (e) |
0 a 120 km/h | 19,65 segundos (g) 18,60 segundos (e) |
Aceleração em 5 segundos | 41,67 metros/52,14 km/h (g) 43,51 metros/54,18 km/h (e) |
Aceleração em 400 metros | 19,23 segundos/118,81 km/h (g) 18,85 segundos/120,73 km/h (e) |
Aceleração em 1000 metros | 35,15 segundos/149,38 km/h (g) 34,47 segundos/151,79 km/h (e) |
Retomada 40 a 100 km/h | 10,19 segundos (g) 9,85 segundos (e) |
Retomada 80 a 120 km/h | 10,95 segundos (g) 9,53 segundos (e) |
Frenagem 100 a 0 km/h | 50,5 metros |
Consumo cidade | 9,4 km/l (g) 7,3 km/l (e) |
Consumo estrada | 16,7 km/l (g) 12,1 km/l (e) |
Ficha técnica | |
---|---|
Motor | Dianteiro, transversal, quatro cilindros, quatro válvulas por cilindro com duplo comando no cabeço acionado por correia dentada, injeção multiponto, a gasolina e/ou etanol |
Cilindrada (cm³) | 1.587 |
Potência (gasolina/etanol) | 115/118 cv a 5.750 rpm |
Torque | 16,1 kgfm a 4.000 rpm |
Transmissão | Automática de seis marchas |
Freios dianteiros | Discos ventilados |
Freios traseiros | Discos sólidos |
Suspensão dianteira | Independente, McPherson |
Suspensão traseira | Eixo de torção |
Rodas | Liga leve de 16 polegadas |
Pneus | 205/60 R16 |
Direção | Elétrica |
Peso em ordem de marcha (kg) | 1.236 |
Comprimento (metros) | 4,15 |
Largura (m) | 1,73 |
Altura (m) | 1,58 |
Distância entre-eixos (m) | 2,54 |
Vão livre do solo | 20 cm |
Tanque (litros) | 55 |
Porta-malas (litros) | 355 |